Ninth Chapter

Justin.

Depois que a maluca da Nicole jogou um vaso em cima de mim, ajudei Pedro a arrumar as coisas. Varremos a sala e depois voltamos a jogar vídeo game.

- muito louca a Nicole né?

- nem me fale. – essa menina tem problemas.

- mas aqui, porque ela mencionou a Julie quanto tacou o vaso em você?

- não sei. Fui seco. – podemos ir dormir? Tentei mudar de assunto.

- já com sono bro?

- to muito cansado e precisamos acordar cedo amanhã.

- tudo bem então. – vamos lá. Pedro desligou o vídeo game e fomos pro quarto dele, fui no banheiro e fiz minha higiene, coloquei meu pijama e deitei no colchão que tia rose arrumou pra eu dormir.

- boa noite Justin!

- boa noite irmão. Fechei meus olhos fingindo já ter ido dormir, mas eu não conseguia. Saber que Julie está no outro quarto do outro lado do corredor me impedia de dormir. Esperei pouco mais de uma hora e levantei vendo Pedro quase babando na cama. Ri abafado e sai do quarto, caminhei lentamente até a porta do quarto de Julie e fiquei um tempo a fitando.

“abro ou não abro?” pensei e decidi abrir. Julie estava dormindo na mesma cama que Nicole, as duas estavam abraçadas. Nicole com as pernas em cima da de Julie e a mesma continha sua mão na cara de Nicole. Aquela cena foi engraçada. Sorri e entrei no quarto sentindo seu cheiro invadir minhas narinas. Fitei Julie por um tempo e depois me virei vendo um mural cheio de fotos nossas. Peguei uma do dia em que fomos tomar sorvete e nós nos sujamos propositalmente, foi engraçada demais, Julie ficou linda suja de sorvete de chocolate. Guardei a foto no meu bolso e voltei a fitar ela dormindo.

- você não se importa de me dar essa foto não é? Sussurrei pra não acordá-la. – eu vou precisar de alguma coisa sua lá em Atlanta. Suspirei sentindo meus olhos arderem. – não queria ir embora desse jeito. Deixei algumas lágrimas caírem. – queira poder contar o que eu sinto. – mas o problema é que você não sente o mesmo e isso poderia me machucar ainda mais. Sorri de lado ainda chorando. – eu amo você Julie e eu nunca vou te esquecer. – i never let you go. Cantarolei baixinho umas de minhas canções. Olhei-a mais uma vez e sai do quarto fechando a porta. Entrei no quarto de Pedro e o vi acordado.

- aonde foi? Olhou-me um pouco sonolento.

- beber água. Menti e me joguei no colchão.

- ok então. – boa noite Jay.

Virei pro lado e dormi logo em seguida.

Acordei com a luz do sol no meu rosto, olhei pra cama ao meu lado e Pedro não estava mais lá. Levantei cambaleando e fui até o banheiro fazer minha higiene, vesti minha roupa e peguei minhas coisas colocando-as na mochila joguei-a nas costas e desci as escadas.

- aonde vai querido? Ouvi a voz de Rose soar.

- eu preciso ir. Apontei pra porta, nervoso. O que eu não queria é ver Julie me evitando daquele jeito seria doloroso demais.

- oh não querido. Rose veio até mim pegando em minha mão. – vamos venha tomar café. Saiu puxando-me em direção a cozinha onde todos estavam à mesa.

- eu preciso mesmo... Olhei e vi Julie me encarando assim como todos. – ir. Terminei a frase em um sussurro. Julie continuou a me encarar sem expressão nenhuma, bufou e voltou a olhar pro seu prato onde continha panquecas.

- sente-se ai rapaz. Senhor Carter encarou-me sorrindo.

- desculpe-me, mas eu preciso mesmo ir.

- por que essa pressa Justin? Não pude responder por que o som do toque do meu celular invadiu o ambiente. Dei ombros e olhei pra eles como se dissesse “desculpa” e atendi.

- alô?

- Justin? – é o Scooter.

- oi Scooter. Sorri.

- olha Jay preciso te dizer uma coisa, você precisa vir pra Atlanta nessa sexta.

- nessa sexta? Engoli seco. Todos me olhavam atentos.

- mas estava combinado eu ir só segunda.

- eu sei Jay, me desculpe. – mas precisamos começar logo.

- eu entendo. Suspirei.

- então nos vemos na sexta Justin. – até lá.

- até. Desliguei o celular e coloquei-o no bolso.

- o que foi? Pedro encarou-me sério.

- eles adiantaram minha ida pra Atlanta. Falei com a voz falha. Julie levantou-se da cadeira olhou pra mim com um olhar sem vida e saiu correndo da cozinha.

- Julie? – Julie volta aqui. Nicole correu atrás dela, olhei pra frente e Pedro me encarava ainda do mesmo jeito.

- pra quando?

- sexta feira.

- amanhã? Gritou.

- sinto muito. Sussurrei. – não é pra sempre Pedro eu venho visitar vocês, o Chaz, o Ryan, o Chris. – não vamos perder o contato.

- me deixa sozinha Nicole. Escutei a voz de Julie do lado de fora da casa.

- desce daí Julie. – anda.

- eu vou...

- vai lá querido. Rose incentivou-me com um sorriso nos lábios.

Sai pela portas dos fundos e vi Nicole olhando em direção a casinha da árvore onde costumávamos brincar quando pequenos.

- ela está lá em cima? Aproximei-me de Nicole.

- o que ainda faz aqui? – já não basta o que fez?

- ela, ela...

- o Josh a beijou seu estúpido, egoísta. – você só pensa em você. – você acha o que? – que a Julie é uma propriedade sua? – ela não é um objeto Justin, não é o seu brinquedo.

- eu nunca disse isso.

- mas não precisa dizer, suas atitudes dizem por você. – agora vá embora daqui. – vá pra Atlanta siga seu sonho e seja feliz. – mas eu não vou permitir que você machuque mais a Julie.

- eu nunca... Senti meus olhos arderem, deixei que as lágrimas caíssem. – eu nunca quis magoar a Julie. – nunca. Engoli seco.

- vá embora, por favor, Justin. Nos olhos de Nicole eu pude ver um suplico, ela também sofria claro. Sempre fomos amigos, todos nós, as coisas costumavam ser mais fáceis quando éramos menores.

- eu sinto muito. Sussurrei. – Eu sinto muito. Gritei sentindo minha garganta arder, um nó se formava na mesma, as lágrimas não paravam de escorrer, isso não podia ser pior podia? Eu sempre tentei evitar isso, sempre fiz de tudo pra evitar o sofrimento delas. O que ela deve estar pensando de mim agora? Eu sou idiota. Engoli as lágrimas e pulei o murro indo pra minha casa. Entrei pela porta dos fundos e subi as escadas até o quarto correndo. Peguei meu violão e comecei a tocá-lo tentando me acalmar.

- my favorite, my favorite, my favorite girl. Sussurrei deixando que algumas lágrimas caíssem.

Assim que terminei de tocar deixei o violão sobre seu apoio e decidi não chorar mais, não adiantaria eu havia perdido a Julie, pra sempre. Agora eu deveria me acostumar com minha nova vida, devo me acostumar a ficar longe de Julie. Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida fraca na porta, murmurei um “entra” e Pattie entrou sorridente pela porta, mas assim que me fitou nos olhos sua expressão mudou completamente.

- Justin o que aconteceu? Chegou perto de mim acariciando meu rosto.

- não é nada mãe. Suspirei.

- porque você nunca me diz o que está acontecendo Justin? Sua voz pareceu irritada, seus olhos demonstravam isso também. Ótimo minha mãe estava irritada, e ela fica insuportável assim.

- você não entenderia.

- é a Julie não é? Arregalei os olhos, como ela sabe?

- como sabe?

- ora Justin! – eu sou sua mãe, sou a pessoa que mais sabe sobre você. – sei que gosta da Julie há muito tempo e esconde isso de todos, você fica andando com essas meninas vulgares de saias curtas que amam rosa, só pra tentar esquecer ou esconder o que realmente sente pela Julie.

- ela não sente o mesmo por mim. Suspirei.

- como pode saber se nem se quer perguntou a ela?

- se ela sentia alguma coisa por mim, não sente mais. – ela me odeia. Senti um nó se formar em minha garganta.

- porque acha isso querido?

- eu perdi a cabeça. Suspirei. – acabei a machucando mãe. – eu fui covarde, um completo idiota. – mas vê-la com outro me deixa maluco. Senti meu sangue ferver ao lembrar dela nos braços de Joshua, aquele filho da puta.

- e pediu desculpas?

- ela não me escuta. – está me evitando dês do acontecido.

- sinto muito querido. Passou a mão nos meus cabelos. – não desista tão facilmente Justin, se a ama de verdade, lute por ela.

- não! Falei decidido. – eu vou embora daqui, vou seguir meu sonho. – isso só vai atrapalhar minha vida. – eu preciso esquecê-la mãe, é melhor pra mim.

- é uma pena, porque esse seu amor por ela rendeu ótimas músicas ou estou enganada? Sorriu tristonha.

- é. Sorri de canto. – e ainda pode dar em algumas outras. Dei ombros. – e com certeza outras meninas virão.

- disso eu tenho certeza. Pattie sorriu e depositou um beijo em minha testa. – fica bem querido. – vai dar tudo certo. Sorriu olhando-me com um olhar caloroso e saiu pela porta.

Suspirei e fui terminar de arrumar minhas coisas, já que iria pra Atlanta amanhã.

Julie.

De cima da casinha da árvore dava pra escutar Nicole conversando com Justin, apertei ainda mais meus joelhos contra meu corpo. Meu rosto estava completamente molhado, eu estava sozinha eu queria isso. Justin vai embora amanhã e eu não posso fazer nada. Eu quero fazer algo? Eu quero voltar a falar com ele? Não sei... Isso é confuso demais pra mim, e se tudo ficar bem? Eu continuarei sofrendo do mesmo jeito, ele vai embora. Talvez fique famoso e me esqueça completamente, talvez.

“Ora Julie, ele vai te esquecer. Não seja tola”. Meu subconsciente me golpeou com essas simples palavras e de certa maneira isso me deu forças.

- Eu sinto muito. Ouvi sua voz e dei um pulo de susto. Engoli seco e me arrastei até a brecha da janela da pequena casinha de madeira e vi Justin pular o muro de minha casa e indo correndo até sua casa. Respirei fundo e vi Nicole com as mãos no rosto. Ela está chorando? Oh céus. Engoli seco, recolhi os meus cacos e desci da casinha da árvore.

- Nick? Sussurrei.

- você não queria ficar sozinha? Olhou-me com seu rosto todo molhado por lágrimas, o meu com certeza não devia estar diferente.

- eu não sabia que também sofria com a ida dele pra Atlanta. Cruzei os braços tremula.

- não tanto quanto você. Suspirou. – somos amigos, apesar do que ele te fez passar eu ainda amo aquele cretino. Sorriu de canto.

- é. Dei ombros. – ele vai voltar pra ver vocês.

- não Julie. – ele vai voltar pra nos ver. Deu ênfase no “nos”

- talvez não. Dei as costas a ela, prendendo as lágrimas dentro de mim.

- Julie?

- que foi? A olhei, mas ainda continuei no mesmo lugar.

- acho que não deveríamos ficar assim pelo Bieber. – sabe, é pro bem dele. – nós duas sabemos o quanto ele queria isso.

- verdade. Suspirei. – éramos para estarmos eufóricas por causa do baile amanhã. Sorri.

- verdade! – como vamos fazer? – posso vir me arrumar aqui né?

- claro vadia. – vai ser legal. Dei ombros.

- quer ficar aqui hoje? Olhei-a.

- preciso ir pra casa e pedir pra minha mãe. Riu. – e também pegar o vestido né.

- ah claro. Sorri. – nos vemos daqui a pouco então?

- claro. – duas horas eu to aqui. – sem mais lágrimas ok? Aproximou-se de mim e limpou meu rosto com as mãos. Abraçamos-nos.

- tudo bem. Sussurrei perto de seu ouvido.

- bom.  – deixe-me ir que amanhã eu vou ser apresentada ao príncipe por você e preciso estar linda.

- ah claro. Revirei os olhos. – ele vai estar ocupado demais, esqueça.

- ah ele arruma um tempo. Riu.

- vai logo vadia! – se não dá duas horas e tu ainda ta aqui.

- cala a boca. Resmungou e jogou beijos no ar, indo pra dentro da casa. Olhei pro lado em direção ao quarto de Justin. Suspirei e depois entrei, todos ainda estavam a mesa tomando café e claro que eu não consegui parecer invisível, eles me lotaram de perguntas.

- você está bem? Mamãe olhou-me preocupada.

- sim. Sorri. – eu to legal.

- mesmo? Papai olhou-me com aqueles olhos verdes preocupados.

- mesmo pai. Sorri. Ouvi Pedro bufar e direcionei meu olhar pra ele.

- sei o quanto está sofrendo Pedro. – e desculpa se eu demonstro isso de maneira diferente da sua. – não me culpe por nada, pois ele quis isso. – você mais do que eu sabe muito bem disso. Fui sincera olhando no fundo de seus olhos da cor mel. O que me fez por um momento lembrar os de Justin. Desviei o olhar.

- desculpe. Murmurou.

- tudo bem. Sorri. – preciso subir e ver como estão as coisas pro baile, preciso ver se está tudo em perfeito estado. Sorri.

- ah querida. – eu marquei uma hora pra você e pra Nicole num salão aqui perto, duas horas da tarde.

- ok. – obrigada mãe. A abracei forte e subi as escadas correndo.

(...)

- eu não quero ver esse filme Nicole. Resmunguei jogando-me na cama.

- cala a boca e assiste que ele é muito bom.

- minha vontade é te deixar aqui vendo isso sozinha.

- é só um filme, não precisa ter medo.

- não estou com medo.

- pânico então?

- af. – eu vou descer e tomar uma coca.

- trás uma pra mim. Bufei e sai pela porta, desci as escadas lentamente e dei de cara com Chaz.

- Juju. Pegou-me no colo e me rodou.

- oi idiota. Fiz careta. Ele me colocou no chão e me observou por uns segundos.

- achei que não a soltaria nunca. Ouvi a voz de Austin e soltei uma gargalhada fraca. Ciumento que só ele. Chaz revirou os olhos.

- como você está?

- eu to legal. Sorri e olhei pra sala onde estavam todos os meninos, Chirs, Ryan, Jaden, Nolan, Austin e Pedro. Justin não estava com eles o que era estranho. – oi meninos. Sorri simpática acenando.

- oi Ju. Disseram em coro.

- e então? Chaz continuava parado na minha frente.

- e então o que?

- vai ao baile amanhã? Riu

- acho que todas as meninas vão. Dei ombros.

- a Caitlin não. Chris se intrometeu.

- porque ela não vai? Direcionei minha atenção a ele.

- ela disse alguma coisa com “coisas de meninas”. Assim que ele terminou de dizer não aguentei e cai na gargalhada, quando percebi todos me acompanhavam, será que minha risada contagia tanto assim?

- preciso ir meninos a Nicole ta me esperando lá em cima.

- a Nicole ta aqui? Vi Austin arregalar os olhos. Eu ri por dentro, não poderia constranger ele na frente dos meninos.

- sim Austin, ela está. Cerrei os olhos e ele encolheu os ombros notando o quão eufórico foi. – tchau boys. Sorri e fui pra cozinha, peguei duas latas de coca na geladeira e depois fui pro quarto. Nicole estava toda jogada na minha cama.

- chega pra lá vadia. Dei um tapa no braço dela, a mesma bufou e se ajeitou na cama.

- que barulho todo era aquele lá em baixo?

- reunião dos meninos. Dei ombros.

- Justin estava lá?

- não.

- estranho.

- também achei. Suspirei.

- ele deve estar ocupado fazendo as malas.

- talvez. Por impulso olhei pra janela que dava de frente pra do quarto dele, mas as cortinas estavam fechadas, bufei frustrada.

- elas estão sempre abertas né?

- sim. – ele só as fecha quando ta chateado com alguma coisa. Dei ombros.